Leia
os textos abaixo, discuta sobre as ideias com um colega e depois elabore a
questão proposta:
O
Empirismo
Contrariamente aos defensores do inatismo, os defensores
do empirismo afirmam que a razão, a verdade e as idéias racionais são
adquiridos por nós através da experiência. Antes da experiência, dizem eles,
nossa razão é como uma “folha em branco”, onde nada foi escrito; uma “tábula
rasa”, onde nada foi gravado. Somos como uma cera sem forma e sem nada impresso
nela, até que a experiência venha escrever na folha, gravar na tábula, dar
forma à cera. Nossos conhecimentos começam com a experiência dos sentidos, isto
é, com as sensações. Os objetos exteriores excitam nossos órgãos dos sentidos e
vemos cores, sentimos sabores e odores, ouvimos sons, sentimos a diferença
entre o áspero e o liso, o quente e o frio, etc. As sensações se reúnem e
formam uma percepção; ou seja, percebemos uma única coisa ou um único objeto
que nos chegou por meio de várias e diferentes sensações. Assim, vejo uma cor
vermelha e uma forma arredondada, aspiro um perfume adocicado, sinto a maciez e
digo: “Percebo uma rosa”. A “rosa” é o resultado da reunião de várias sensações
diferentes num único objeto de percepção. O empirismo moderno tem em John Locke
(1632-1704) seu grande propulsor. Combate ele a teoria das idéias inatas.
Admite, porém, Locke que há verdades que são por completo independentes da
experiência, universalmente válidas, como as verdades da matemática, cuja
validez reside no pensamento. Esta afirmação levou-o, por aceitar verdades a
priori, a ser combatido por parte dos empiristas posteriores. No decorrer da
história da Filosofia muitos filósofos defenderam a tese empirista, mas os mais
famosos e conhecidos são os filósofos ingleses dos séculos XVI ao XVIII, chamados,
por isso, de empiristas ingleses: Francis Bacon, John Locke, George Berkeley e
David Hume. Na verdade, o empirismo é uma característica muito marcante da
filosofia inglesa.
A
primeira circunstancia que me chama a atenção é a grande semelhança entre nossas
impressões e ideias em todos os pontos, exceto em seus graus de força e
vividez. As ideias parecem ser de alguma forma os reflexos das impressões, de
modo que todas as percepções da mente são duplas, aparecendo como impressões e
como ideias. (Hume, em Investigações sobre o entendimento humano sobre os
princípios da moral)
O
Racionalismo
Para o racionalismo, a fonte do conhecimento verdadeiro é
a razão operando por si mesma, sem o auxílio da experiência sensível e
controlando a própria experiência sensível. Na teoria racionalista a percepção
é considerada não muito confiável para o conhecimento porque depende das
condições particulares de quem percebe e está propensa a ilusões, pois frequentemente
a imagem percebida não corresponde à realidade do objeto. Para a concepção
racionalista, o pensamento filosófico e científico deve abandonar os dados da
percepção, trata-se de explicar e corrigir a percepção. Se o nosso conhecimento
tivesse sua única origem na experiência, seria possível aos animais, de constituição
semelhante à nossa, adquirir um conhecimento, fundar ciências e filosofias. No
entanto, toda tentativa de procurar infundir-lhes nossos conhecimentos tem
malogrado. E "por que um cavalo, perguntava Spencer, não poderia receber a
mesma educação que um homem?". A resposta racionalista é simples: porque
há, no homem, antes de toda experiência, algo que não tem o cavalo, e que
distingue aquele deste, que é a razão. É importante esclarecer, no entanto, que
essas diferenças, porém, não impedem que haja um elemento comum a ambas as
teorias, qual seja, tomar o entendimento humano como objeto da investigação
filosófica.
Disso
nasce um outro interrogativo, a saber, se todas as verdades dependem da
experiência, isto é, da indução e dos exemplos, ou se existem algumas que
possuem ainda outro fundamento. Com efeito, se alguns acontecimentos podem ser
previstos antes de qualquer experiência que tenhamos feito, é manifesto que
contribuímos com algo de nosso para isso. Os sentidos, se bem que necessários
para todos os nossos conhecimentos atuais, não são suficientes para dar-no-los
todos, visto que eles só nos fornecem exemplos, ou seja, verdades particulares
ou individuais. ( LEIBNIZ, G. Novos ensaios sobre o entendimento humano)
Exercício
de elaboração de texto: com suas palavras, explique o que é o racionalismo e o
empirismo. Depois argumente quais são os pontos fortes e fracos que cada um
possui.